EDUARDO RICCI JIU JITSU MARINGÁ

11 de abr. de 2010

UFC 112



Anderson Silva provocou. Abaixou a guarda. Deu tapinhas em seu rosto. Chamou "pra porrada". Dançou no ringue. Quando viu que o rival, o também brasileiro Demian Maia, não caiu na conversa, não mudou a estratégia e seguiu provocando. Igualou o recorde do Ultimate Fighting Championship, mas acabou muito vaiado.

Na edição nº 112 do UFC, o "Aranha" defendeu, com sucesso, pela sexta vez , o título dos médios, superando as marcas das lendas Tito Ortiz e Matt Hughes. Ele ainda chegou a 11 vitórias seguidas, recorde absoluto na franquia, e ampliou o maior período de invencibilidade, de quase 1400 dias.

Não foi, nem de longe, o show que todos esperavam no Ferrari World, o complexo de entretenimento dentro do autódromo de Abu Dhabi que recebe as provas de Fórmula 1. A arena foi montada a céu aberto, no primeiro evento da franquia no Oriente Médio, região marcada por fãs de esporte de combate.

A luta foi marcada pelo melhor estilo Anderson Silva. Enquanto media a distância, o "Aranha" provocava, bailando pelo octógono. O próprio Anderson, ao final do combate, admitiu que exagerou e pediu desculpas. "O Demian me surpreendeu. Não sei o que aconteceu comigo. Tenho de rever os conceitos. O que aconteceu aqui nunca mais vai acontecer", disse o campeão, admitindo que a provocação ao rival foi desrespeitosa.

Anderson exagera

No primeiro round, o campeão acertou um chute e um soco e fez Maia perder o equilíbrio duas vezes. No fim do assalto, começou a luta pra valer. Anderson acertou o rosto de Maia e aproveitou o bom momento. Deu uma joelhada voadora, acertou as costelas e derrubou o rival. A partir daí, o lado ruim do combate começou.

Demian tentava levar a luta para o chão, mirando sempre as pernas do rival, mas sem sucesso. Anderson, por sua vez, ficava cada vez mais debochado. No meio do 2º round, Anderson chegou ao ápice. Abriu os braços, deu tapinhas em seu rosto, chamou o rival para o combate. Chegou até a imitar a postura de Demian.

O lutador paulista não se abalou. Seguiu seu plano de combate de manter a distância. Fez algumas tentativas de agarrar a perna do adversário e até mesmo essas iniciativas foram consideradas risíveis por Anderson. Em meio a vaias, Anderson incitava o rival a atacar. Ele próprio, porém, não atacava com contundência. Encaixou alguns golpes, fez o nariz de Demian sangrar, mas não conseguiu as sequências que o deixaram famoso.

No quarto assalto, a torcida perdeu a paciência com Anderson. Gritou "GSP, GSP", ela própria provocando o campeão dos médios com o nome do campeão dos meio-médios, Georges St. Pierre. Nesse momento, até Maia aderiu e copiou o rival, chamando Anderson para o combate, abrindo os braços.

No último assalto, o paulista foi para cima. Acertou o campeão, fez a torcida levantar. Procurou as pernas, chegou a agarrar o rival por duas vezes. Mas não conseguiu o "take-down". Mesmo assim, conquistou o público, que passou a gritar "Maia", em resposta à agressividade do desafiante e à postura do campeão. Nos minutos finais, Anderson passou a correr, fugindo de Demian. Foi advertido. Mas a luta já estava vencida.
Renzo sofre nocaute técnico
Aos 43 anos, Renzo Gracie estreou no UFC praticamente em casa. Ele foi aplaudido de pé ao entrar no octógono e, durante o primeiro round, ouviu da torcida gritos de “Gracie, Gracie” - enquanto isso, seu rival, Matt Hughes, lenda do UFC e ex-campeão dos meio-médios, foi vaiado. Esse clima, porém, não bastou para o brasileiro.


RENZO GRACIE

No primeiro assalto, Renzo não deu sinais de que estava longe dos ringues há três anos. Com boa movimentação, se defendeu das tentativas de Hughes de derrubá-lo – o rival é especialista no ground and pound, movimento de derrubar o adversário e aplicar socos. A partir do segundo assalto, o brasileiro cansou.

No último round, Hughes acertou dois golpes na cabeça do brasileiro, que chegou a perder o equilíbrio e só não caiu porque estava apoiado na grade. A partir daí, o norte-americano passou a castigar a perna esquerda.

Renzo caiu quatro vezes antes da luta ser interrompida. “Foram dois anos sem treinamento nenhum e ainda fiquei doente durante a preparação. Tinha pela frente um cara muito forte e não deu”, explicou o brasileiro ainda no octógono, para a transmissão oficial do evento.
Rafael dos Anjos brilha
Na primeira luta envolvendo brasileiros no dia, Rafael dos Anjos brilhou. Ele encarou o britânico Terry Etim, que vinha de quatro vitórias seguidas no UFC, e venceu no segundo round, com uma chave de braço.

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